quarta-feira, 30 de junho de 2010

Desnudando a Vila: a verdadeira história da rua Ceará

Vila Mimosa nos anos 80


A Vila Mimosa surgiu no século XIX, a expansão urbana ocorrida na segunda metade deste século promoveu uma grande agitação no porto da cidade do Rio de Janeiro, que se tornou o centro das atividades econômicas do país. Por ali, desembarcavam imigrantes estrangeiros ou migrantes de regiões mais pobres do país em busca de melhores condições de vida. Devido ao enorme fluxo de marinheiros e de uma população de baixa renda, abriu-se espaço ali para o desenvolvimento de um mercado de baixo meretrício.

Através do porto, milhares de meninas oriundas do leste europeu desembarcaram na cidade. Os aliciadores agiam, principalmente, nas aldeias pobres da Polônia, Romênia, Rússia, Áustria e Hungria. Essas meninas que, ao desembarcar, tinham como única opção para sobrevivência, a prostituição, viriam a ser chamadas de “polacas”.

As “polacas” não eram necessariamente polonesas e resumiam a imagem das mulheres nativas de regiões atrasadas agrícola e industrialmente da Europa. Devido a seu fenótipo (mulher branca, loira e de olhos claros), as “polacas” se encaixaram perfeitamente em um ideal extremamente romantizado da burguesia carioca e passaram ser vistas e valorizadas enquanto acompanhantes de luxo.
Com a política de modernização e refinamento da cidade promovida por Pereira Passos, as prostitutas foram expulsas do centro do Rio de Janeiro. As meretrizes foram mandadas em direção aos subúrbios da cidade, e acabaram se estabelecendo no bairro da Cidade Nova. As “polacas” misturam-se, então, às prostitutas brasileiras e se mudam para a rua Pinto de Azevedo. Em uma região que constituía mais de dois quilômetros de raio, as prostitutas consolidam o que ficou conhecido como “Zona do Mangue”.

A perseguição e repressão das autoridades cariocas e as notícias de prosperidade e riqueza oriundas do Ciclo da Borracha vindas de Manaus, faz com que parte das “polacas” da Zona do Mangue se transfira para a Amazônia. No final do século XIX, já eram as preferidas da alta burguesia da capital amazonense.

Outro fator que explica o desaparecimento das “polacas” da Zona do Mangue é a perseguição que entidades judaicas realizaram contra elas. É que a maior parte das prostituas oriundas do Leste Europeu era judia, e a ligação de uma comunidade inteira a atividades como a prostituição representava o perigo de uma estigmatização e da construção de uma imagem negativa perante a população nativa.



São muito antigas as origens do baixo meretrício no Rio

Porém, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, o número de meretrizes vindas do leste europeu aumenta. Há uma emigração em massa da Europa, e muitos desses imigrantes vêm parar no Brasil. Com os maridos envolvidos no conflito, muitas mulheres desembarcam em solo carioca com muita fome e sem perspectivas de conseguir algum emprego no mercado formal de trabalho. Juntaram-se, então, às últimas “polacas”, na rua Pinto de Azevedo.

Após a chegada dessas mulheres que fugiam da guerra, a Zona do Mangue muda de endereço e se estabelece na rua Júlio do Carmo, ainda na Cidade Nova, onde ficam por mais de dez anos.
A prostituição cresce e se desenvolve. Diversos shows aconteciam nos bares e cabarés que compunham a Zona do Mangue. Grandes artistas, como Luiz Gonzaga, se apresentam por lá. Com isso, criam-se novas maneiras de sociabilidade e são desenvolvidas novas formas de comportamento, tanto masculino como feminino.

Após algumas obras, a Zona do Mangue muda de endereço novamente e vai para a esquina da Travessa do Guedes com a rua Miguel de Frias. Ao chegarem no local, as prostitutas se hospedam em uma vila já existente, chamada “Vila Mimosa”. O nome pega, e a Zona do Mangue passa a ser conhecida como Vila Mimosa. É nesse período que as “polacas” saem de vez de cena.

Em 1994/1995, a Vila muda novamente de lugar. Vai para a rua Sotero dos Reis, na Praça da Bandeira, por causa da construção do prédio que seria a sede da Prefeitura do Rio de Janeiro. Devido ao senso de humor e à irreverência do carioca, o prédio é apelidado de “Piranhão”, em referência às antigas moradoras do local.




3 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    muito maneiro
    quem nunca foi na mimosa
    não se pode dizer que é carioca

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  2. As mulheres com 40 anos para cima são devagar as com 20 a 30 são mais rápidas

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  3. fui criado na Travessa Guedes, e não Rua do Guedes. A travessa não fazia esquina com a Miguel de Frias, e sim terminava na Vila Mimosa, que era uma vila de casas geminadas que ia da travessa à Miguel de Frias. até 1976, quando mudei de lá, a zona era na Pinto de Azevedo, Julio do Carmo, e outras transversais que saiam na presidente vargas. éramos proibidos de entrar naquelas ruas, por sermos crianças. Bons tempos.

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